Muitos de nós estamos ou iremos estar de férias, com as nossas famílias, nos próximos dias. Muitos aproveitam para começar ou até terminar todas as pequenas coisas que foram deixando para trás, para depois. Pequenos arranjos ou pequenas promessas …
O interessante é que raras são as vezes que nos perguntamos, “porque razão isso ficou por fazer?”, ou seja, o que foi que nos ocupou, o que foi tão importante que nos obrigou a deixar para depois?
Não vos quero maçar com uma leitura longa, apenas vos quero pedir que façam nas férias o que muitas vezes não fazemos quando estamos a trabalhar, uma reflexão sobre como temos agido, gerido o nosso tempo, as nossas pessoas.
Permitam-me dar o mote de partida dessa reflexão. Nos últimos meses temos estado a trabalhar remotamente, em alguns casos com horários diferentes, e a pergunta que muitos se colocam é, “até que ponto é que esperam que eu esteja online todo o tempo?”.
Bom, acredito que todos já sabem a resposta dado o “novo” horário que temos vivido.
Nos últimos meses, sempre que telefonava para um de vós, para alguém, ouvia sempre a mesma frase, “não tenho tido tempo para nada”, “estou sempre em reuniões”, “tem sido um corrupio”, “…”.
Digam-me, esta realidade que impacto teve na vossa vida? O que deixaram de fazer ou impediram de ser feito? Qual o desvio que provocou na vossa estratégia, nos vossos resultados?
Penso que um momento de afastamento deve ser usado para descansar, mas também deve servir para reflectirmos sobre o que temos feito ou perdido e o que deveremos fazer de diferente daqui para a frente.
Nada será como antes, algumas empresas preparam-se para voltar ao “velho” normal, outras nem por isso, mas uma coisa sabemos, somos feitos de pessoas extraordinárias que demonstraram neste período uma capacidade de entrega e de resiliência fora do comum e que no seu íntimo esperam poder ter uma organização mais ajustada à realidade actual.
Esta ausência de “horário” não é boa para as equipas, nem para as organizações!
Como gestores, como líderes de equipas têm a responsabilidade de estabelecer regras de comunicação que, em simultâneo, encoraje as pessoas a assumirem flexibilidade sempre que necessário.
Definam momentos específicos de comunicação onde as vossas pessoas sabem que poderão ser contactados. Fora destes períodos, pré-definidos, convidem as vossas pessoas a mudar o seu estado de disponível para ocupado através de mensagens automáticas.
Criem um sistema de comunicação que vos permita perceber se é uma situação urgente que necessita de ser respondida, mas respeitem o sistema. Deste modo levarão a quem procura o outro a pensar antes de agir, a se perguntar, “preciso mesmo disto agora ou pode ficar para amanhã?”.
Uma cultura sempre presente não é sustentável e as fronteiras do “estar sempre disponível” permite a cada um de nós definir o seu horário e não respeitar o horário do outro.
O que nos aconteceu, o que está a acontecer será que não nos ensinou nada? Será que não deveríamos olhar de forma diferente sobre o que estamos e como estamos a fazer?
Sinto que agora neste período de algum descanso deveríamos, cada um de nós, perguntar a si próprio qual o desafio que temos pela frente e como iremos ultrapassá-lo com as pessoas que temos ao nosso lado, sem as atropelarmos, sem as magoarmos.
Boas férias, boas reflexões, bons banhos e lembrem-se, Ambiente Positivo, “It’s all about You!”.
Obrigado e até breve.