Neste momento em que estamos a viver uma pressão enorme, sobre cada um de nós e nossa família, esta nova localização do espaço de trabalho levanta um enorme desafio para nos mantermos produtivos e focados.
Sabemos que existem um conjunto de actividades que podem ser desenvolvidas e que aumentam exponencialmente a nossa capacidade de resiliência.
Investir no crescimento pessoal, nosso ou das nossas pessoas, é, segundo a perspectiva do outro, o primeiro passo para libertar potencial, criatividade que garanta um crescimento da sua produtividade.
Já é suficientemente difícil conseguir gerir o nosso stress e ansiedade, então como conseguir apoiar, ajudar a nossa equipa, a gerir os seus sentimentos de stress, de ansiedade ou até de desalinhamento?
Hoje, agora, o nosso trabalho ou aquilo que sentimos é que há uma maior exigência e complexidade, mais, muitos de nós acaba por estar “ligado” 24/7, o que faz com que a ansiedade e stress seja algo que se sinta. Neste novo cenário de trabalho onde o espaço é novo, os colegas são outros, as distracções e solicitações são diferentes ficar envolvido e produtivo pode ser algo desafiante.
Contudo esta nova realidade será algo que nos deveremos habituar. Ok, não será tanto como está a ser agora, mas a verdade é que tudo indica que as organizações, as famílias, o mercado irão tirar proveito desta experiência obrigatória e o que era irá mudar e, por conseguinte, teremos de desenvolver a capacidade de adaptação e resiliência das pessoas.
Uma abordagem é naturalmente focarmos no desenvolvimento e crescimento dos outros. Muitas das grandes organizações, já nos passado tinham essa orientação, vejam o caso da Google, que convidava as suas pessoas a criarem o mais “agradável, saudável e produtivo espaço do planeta”. Investir nas pessoas de acordo com as suas perspectivas é o primeiro passo para libertar a criatividade, potencial e assegurar sustentabilidade na produção e nos resultados.
Existem várias abordagens para se implementar e que não são nem dispendiosas a nível de tempo, orçamento ou recursos. Partilho algumas ideias que podem ajudar a vossa equipa.
Crie e encoraje boas práticas de bem-estar e saúde. As pessoas com quem tenho falado, quase todas, iniciam o discurso com, “estou farto, estou stressado, isto nunca mais acaba, estou gordo”, ou seja, referem que estão saturados, que não aguentam mais. Quanto de vós não houve o mesmo?
O que se sabe é que o stress e a ansiedade são igualmente contagiosas, mas o contrário também, ou seja, quando alguém inicia e partilha praticas de bem-estar o efeito de contágio, de cópia é brutal em toda a equipa ou pares.
Faça um plano, compreenda e defina quais as actividades que promovem o bem-estar na sua equipa. Pode passar por oferecer ideias de desenvolvimento pessoal, aulas de mindfulness (existem imensas em vídeo online), defina um momento para fazerem actividade física, online, todos ligados a puxarem uns pelos outros, riam, criem espírito de grupo a fazer exercício. Crie tempos entre reuniões, calls, têm me referido que é uma loucura, calls atrás de calls, nem dá tempo para desligar a anterior e já se está noutra.
Todos nós temos de respirar, a nossa mente tem de processar, guardar, descansar e aí sim está pronta para outra. Não perdemos tempo no trânsito, rodoviário ou em corredores, salvemos esse tempo para cuidar da nossa mente, do nosso corpo. Crie um momento, um espaço flexível e agradável de se viver.
Permita que se desliguem do trabalho. De acordo com as organizações mundiais de economia, cooperação e desenvolvimento, as pessoas ocupam semanalmente entre 34 a 48 horas da sua vida no trabalho, e muitos deles referem que depois disto ainda levam tarefas para fazer em casa. Estar sempre ligado, disponível, é para algumas pessoas sinónimo de profissionalismo e em alguns maus casos, sinónimo de garantia de emprego.
Sabe-se hoje que isso destrói a produtividade, destrói a criatividade e destrói a felicidade. Estar sempre ligado é perigoso e não produtivo porque não dá tempo para recuperar energia.
Mesmo os grandes atletas de alta competição necessitam de tempo para descansar, para recuperar. Portanto seja claro quando é que quer que as suas pessoas, e você mesmo, estejam ligadas e seja explicito quando quer que elas se desliguem. Evite, por exemplo, envio de emails ou telefonemas depois de uma determinada hora e aos fins de semana. Dê tempo para que as pessoas recarreguem baterias e ganhem foco.
Treine o cérebro para gerir o caos. Sabemos que a prática sistemática de mindfulness, de meditação, treina o nosso cérebro e cria hábitos que promovem a resiliência e a produtividade no trabalho. Organizações que promovem esta prática, os seus líderes e equipas, obtiveram melhores desempenhos na gestão do stress, colaboram melhor entre si e têm uma melhor performance.
Não é necessário ser especialista para ajudar as suas pessoas no desenvolvimento desta capacidade, a tecnologia pode ajudar, experimente algumas apps (https://www.headspace.com/pt; https://www.calm.com/) e partilhe.
Enfatize o “monofunção” para maior foco. A multifunção é um mito, os humanos não são nem eficazes nem eficientes quando desenvolvem processos paralelos (computadores sim). Todos os autores de estudos, neuro-cientistas e investigadores referem que a multifunção tipicamente aumenta o tempo necessário para se realizar uma tarefa e duplica o número de erros.
As pessoas são boas quando estão a fazer uma tarefa de cada vez. Os gestores podem ajudar as suas pessoas com claras orientações do que se deve fazer, definindo prioridades, passos a dar que não criem entropia o redundâncias e evitando a confusão entre o que é urgente e importante.
Exercite a empatia e a compaixão. Não custa nada e os benefícios são incalculáveis. A empatia e a compaixão impactam directamente na performance de cada um. O simples facto de o líder passar mais tempo a dar feedback, construtivo positivo e negativo, a reconhecer o esforço individual ou da equipa influência fortemente a produtividade e os resultados. Por outro lado, se estes líderes tiverem compaixão, ou seja, compreenderem as motivações, expectativas, as dificuldades e criarem sistemas de apoio para que elas sejam tão boas quanto possível contribui para o reforço desse resultado. A empatia e a compaixão são bons para as pessoas e para os negócios.
Qual o retorno que as organizações podem ter com estas abordagens? Estudos indicam que empresas que envolveram as suas pessoas em sessões de mindfulness e meditação, que criaram espaços onde as pessoas se sentem mais felizes e emocionalmente seguras tiveram melhorias na produtividade poupando mais de três mil dólares por pessoa / ano, que reduziram em mais de 46% a rotatividade e que mais de 65% das pessoas sentem-se mais energizadas, mais focadas, mais felizes.
Certamente está se a perguntar, “é minha responsabilidade, como líder, focar-me na capacidade de resiliência das minhas pessoas?, de encorajá-las a sessões de meditação?”.
Os estudos que se têm realizado dizem-nos que não é realista pensar que as pessoas deixam os seus problemas pessoais em casa, todos nós concordamos com isso, pelo que é essencial que como líder esteja focado nas necessidades e bem estar das suas pessoas, ou seja, tem mesmo de estar centrado em reforçar o lado mental das suas pessoas e o seu equilíbrio emocional.
A grande missão dos líderes é, sabendo que o desenvolvimento individual e da equipa é fundamental para o sucesso, apoiar, acompanhar e orientar todos e cada um da sua equipa e organização. Este é, segundo Ken Blanchard um dos fundamentos das equipas de alto desempenho.
Ambiente Positivo, “It’s all about You!”