Nas últimas semanas a nossa vida, pessoal e profissional teve uma mudança brutal devido a esta pandemia que mundo está a viver. Governos e empresas estão a desenhar estratégias, a medicina procura soluções, os negócios estão a ter uma redução imensa, as actividades não essenciais estão a parar, tudo está a mudar de forma inquestionável, depois disto nada vai ser como dantes.
Uma das mudanças é o nosso local de trabalho, ambiente virtual ou tele-trabalho, que nos obriga a uma enorme capacidade de adaptação, que pode ser ainda maior em função do sector onde se actua.
A adaptação a esta realidade leva muitos a questionar, como liderar, como interagir? Como ver uma oportunidade nesta situação?
Com todos os riscos inerentes a esta nova realidade, em que que todos os sectores sentem impacto com a incerteza e medo dos consumidores e colaboradores e embora seja irresponsável minimizar a gravidade da situação que vivemos, devemos também reconhecer a profundidade com que esta crise nos leva a um estado de sobrevivência, e onde de alguma forma temos estado exclusivamente concentrados na ameaça que tempos pela frente. É verdade que este estado de sobrevivência nos dá uma intensidade de foco muito grande, mas não deixa de provocar também uma enorme mudança de comportamentos nos quais nos deveremos centrar. Para ter sucesso, quer nas ameaças de curto prazo, quer no posicionamento de longo prazo que esta nova realidade nos oferece, os líderes devem criar, ou pelo menos imaginar, um enorme estado de crescimento, de prosperidade.
É quase certo que, conforme formos saindo desta fase, e claro que sairemos, teremos criado novas formas de trabalho, novos processos, novas regras. Em tempos de crise quando exploramos o pensamento de prosperidade, estimulamos a nossa criatividade, o nosso engenho e inovação, a nossa capacidade única de desenvoltura que, por norma, não temos quando acomodados a uma situação rotineira.
Esta nova realidade de trabalho virtual, pode parecer uma barreira ao crescimento e por isso ficamos à espera que esta fase passe, mas na verdade pode abrir imensas e novas oportunidades. Os líderes que compreenderem e reconhecerem estas oportunidades, conseguirão posicionar as suas equipas e prepará-las bem melhor para o hoje e para o amanhã.
O que é que cria a magia quando estamos fisicamente juntos?
Uma das queixas que ouvimos hoje é, “como é que conseguimos tratar disso se não nos conseguimos reunir?”. A experiência da relação “face-to-face” é para muitos mais produtiva, e não estão errados, mas o que é que a faz ser assim?
A mudança necessária, e que torna o trabalho à distância mais difícil é o principio, “cabeça + coração”, e que exige um esforço enorme, trazer o coração para uma experiência de relação que se vê ou se sente como estéril, digital.
O que quero dizer por coração? As manifestações que vivemos nos intervalos das reuniões, no olhar para as pessoas, nos gestos quase imperceptíveis do outro, um piscar de olho, um sentar ou cruzar de pernas, numa troca de olhar cúmplice, em resumo é o somatório de comportamentos que surgem pelo facto de estarmos lá. O que levanta outra questão:
Como trazer coração, emoção, para o novo ambiente de trabalho digital?
Tempos de incerteza, de sobrevivência. A vossa missão é tranquilizar, mitigar o medo da incerteza, criar uma cultura ainda maior de interajuda e orientar o pensamento para o crescimento nesta nova realidade.
Deixo-vos 4 ideias para o fazer:
Crie empatia, tenha paciência. Nestes momentos de crise não nos podemos esquecer que somos, acima de tudo, humanos. Ainda agora, através do whatsapp uma boa amiga e cliente partilhava a situação de uma das suas pessoas, “a reacção dela foi refugiar-se em casa”. Temos de compreender, sentir como ela e ter paciência para a ajudar a ultrapassar esta fase.
Existem imensos factores a ter em conta, temos de compreender as situações individuais para os poder ajudar a mudar e a assumir novos comportamentos. Sejam uma lufada de ar fresco para situações muito complexas de gerir, escolas fechadas, todos presos em casa, gestão familiar complexa, todos a trabalhar em casa, espaços não preparados para esta realidade. Haverá familiares em situação de risco? Estão todos juntos ou alguém emigrado?
Encontrem maneiras das pessoas partilharem convosco o que sentem. Este momento virtual obriga-nos a criar espaços para estes momentos de partilha para não deixar nada por dizer. Não conseguiremos ajudar se não soubermos o que o outro necessita e isso requer mais tempo de escuta e atenção ao outro, de paciência. Se fizer isso bem irá conseguir uma maior e mais profunda relação pessoal.
Aumente e reforce a confiança entre as pessoas e a organização e comunique de forma autêntica. Há um enorme turbilhão de sentimentos na cabeça das pessoas e o que elas necessitam é de saber que há alguém que se preocupe com elas genuinamente, alguém que compreende a sua situação, alguém que está a fazer tudo para garantir a continuidade do negócio e com uma enorme flexibilidade. Todos os dias as necessidades das pessoas vão mudar, cada segunda-feira trará novos desafios e necessidades.
Como Líder o seu objectivo é passar mensagens que diminuam a incerteza que as pessoas estão a viver. Faça com que a sua mensagem chegue ao destinatário, use vários e diferentes canais, porque quando as pessoas estão no estado de sobrevivência não ficam apenas por um canal, assegure que a sua mensagem chega. Este é o momento de fazer de tudo para criar uma relação de proximidade, e que …
Crie abertura para a troca de experiências, em como cada um e a organização poderão trabalhar de formas diferentes. Ninguém irá conseguir fazer bem à primeira, mudar equipas e pessoas para uma forma exclusiva de trabalho virtual vai criar imensas dificuldades. Retire o peso de cima de cada um deles, da necessidade de que terão de estar disponíveis durante todo o horário de trabalho. Tudo mudou, portanto, o dia de trabalho normal também. Haverá uns que têm de apanhar ar, ouvir música, beber café, sair da frente do computador, meditar, dar assistência ao filho. Faça o que puder para dar segurança emocional às suas pessoas durante esta transição. Evite um grande formalismo, crie momentos de café virtual, seja o primeiro a trazer a sua realidade diária, o seu filho, o seu cão, o que achar por bem, relativize o momento.
Encontre e partilhe situações boas, os momentos humanos e o gozo de estarem juntos. Já existe imensa pressão para resolver a situação, não vamos colocar ainda mais carga. Há uma razão e uma lógica para actuar deste modo, como também há pouco tempo a perder. Temos de ter a habilidade em responder com a fotografia da situação, e levar as pessoas a ver que é possível fazer não apenas pela lógica, mas também pela emoção e energia, cabeça + coração. Como seres humanos precisamos destes momentos, de brilho, de leveza, de maior ligação interpessoal, de criatividade. É algo tão básico, mas necessário para a nossa forma de trabalhar e nos conectarmos. Porque é que a sua equipa não cria uma playlist para iniciar cada reunião? Ou desenvolver o hábito de encerrar as reuniões com uma história de sucesso? Podem parecer coisas pequenas, mas fazem cá uma diferença!
Uma última coisa, tome cuidado consigo. Poderá não saber o que precisa neste momento, você também nunca passou por uma situação destas, nestas circunstâncias.
Tomar consciência do que está a passar e do que precisa fazer, fará com que compreenda melhor os outros, como os ajudar a fazer aquilo que você próprio necessita de fazer.
Este é um período de enorme equilíbrio interior, de uma partilha humana fantástica.
Lidere tendo esse denominador comum bem presente e colocará a sua equipa numa posição de prosperidade e crescimento neste caminho de incertezas.
Ambiente Positivo, “It’s all about You!”